Pelo Brasil 2023 21 JOÃO PESSOA, uma jóia do artesanato nordestino

21 JOÃO PESSOA, uma jóia do artesanato nordestino


 

Entrando em João Pessoa paramos para fazer compras no atacado, por conta dos melhores preços e mais opções, depois seguimos para o quintal do Hélio, numa rua apertada e um portão mais apertado ainda. Não é um camping mas tem tudo que tem no camping. Melhor mesmo é a localização, bem no centro da Praia de Manaíra, perto dos melhores pontos de passeio. É praticamente uma chácara no centro da cidade. Tem peixes, patos, galinhas, coelhos, gatos e cachorros, todos amigos dos campistas.

 

 

 

Bem ao lado da nossa casa temporária, tem um pequeno shopping feito com containers que oferece dezenas de tipos de comidas, para todos os gostos. Os restaurantes ficam em baixo e, no teto dos containers, ficam um belo terraço com vista para o mar. Lugar bonito e prático, que atende a todos os gostos.

Nossa morada fica na Avenida João Maurício, mesmo nome do nosso neto, na Praia de Manaíra, onde estão vários pontos comerciais e algumas residências. Nesta praia em João Pessoa, não tem edifícios altos na quadra do mar.

 

 

 

Fomos passear pela orla até o centro de artesanatos e paramos no Mercado do Peixe para ver os peixes e tomar água de coco em promoção, 3 por 5 reais.

 

 

Entramos em vários pequenos shoppings e lojas que vendem uma infinidade de artigos artesanais, a maioria feita por artistas paraibanos.

As figuras de Lampião, Maria Bonita, cangaceiros e Luiz Gonzaga, o rei do baião, são comuns na decoração de quase todas as lojas, hotéis, restaurantes, desenhos nas paredes e nas praças.

Tomamos sorvetes e voltamos para dormir. 

 

 

 

Aqui em João Pessoa tem 4 centros de artesanatos bem próximo um do outro. O principal é o Mercado de Artesanatos da Paraíba, onde um pouco de todos os produtos artesanais são vendidos em pequenas lojas. Tem comida e bebidas típicas também. Na ala das frutas e verduras é comum ver homens e mulheres descascando vagem para vender os feijões.

 

 

 

Lá em riba tem mais lojas.

 

 

Queria descobrir por que na bandeira do Estado da Paraíba tem a palavra NEGO. Uma placa no mercado de artesanatos me esclareceu. Nos anos 30, época em que o política era comandada pelo “café com leite”, quando eram os paulistas e mineiros que gerenciavam o País, o então governador do Estado João Pessoa de Albuquerque foi convidado para dar apoio ao então presidente Washington Luís e ele se “negou” a dar apoio. Preferiu apoiar Getúlio Vargas que ganhou a disputa. Depois desse dia de grande decisão, foi colocado  o verbo negar no presente do indicativo da primeira pessoa do singular na bandeira do Estado.

 

 

A Paraíba é conhecida também por conta das gigantescas festas juninas que acontece em todo Estado, especialmente em Campina Grande, onde acontece a maior festa de São João do planeta.

 

 

Caminhamos 12 km no entorno, pelas praias e depois no shopping. Já estávamos com saudades de visitar lojas e fazer compras, ver gente e comer na praça de alimentação.

 

 

 

 

Pela manhã fui até a padaria e lá chegou um gaúcho daqueles que prezam por clamar sua cultura e, antes mesmo de eu ser atendido pois cheguei primeiro,  ele gritou para todos ouvirem: “me dá um cacetinho”. Lógico, todos riram e o atendente disse: “oxe! senhor que sabe”. 

Depois o gaucho falou que o nordestino é mesmo guapo. Só pelo café da manhã já dá pra ver, disse ele. Realmente o café da manhã por aqui pode muito bem ser chamado de almoço também, com salgados e doces diversificados. Não vou lembrar os nomes todos, mas tem ovos mexidos, guizado de bode, carne moída, inhame, batatas, mandioca, cuscus, frango ao molho, bolo de macaxeira, bolachas, bolos, pasteis e muito mais. Só não vi o pão francês, ou o cacetinho como queria o gaucho.

 

 

 

Fomos na Praia de Tambaú uma das principais de João Pessoa. Num domingo a tarde, meio nublado no começo mas depois o sol abriu aos moldes do nordeste, com muita gente na praia.

 

 

Pensando em poupar as pernas na caminhada, alugamos uma bicicleta triciclo e o esforço foi ainda maior, mais fomos mais longe. Faltando 30 metros para chegada, o pneu furou. Ainda bem que foi no final.

 

 

Domingo é dia de descanso e eles levam a sério em quase todo o nordeste. Mesmo nos lugares turísticos muitas lojas não abrem.  

Na segunda-feira levantamos acampamento e partimos para um novo destino, mas antes passamos pelo centro histórico, com muitas construções detonadas e outras em reforma.

Um dos principais símbolos do centro histórico, local de grandes acontecimentos, é o Hotel Globo, ainda em funcionamento.

 

 

Fomos até lá para ver a coleção de azulejos portugueses, mas a casa dos azulejos estava fechada na segunda-feira.

 

 

Eu não poderia deixar de lembrar de um dos cidadãos mais ilustres da Paraíba, Ariano Suassuna, escritor e dramaturgo dos melhores que o Brasil já produziu. Ariano era um sério engraçado é sua obra foi e ainda é muitos apreciada no meio literário. 

 

 

Lembrando de Ariano, longe de querer imitá-lo, depois que um vi uma placa com os termos verbais usados no dia-a-dia dos nordestinos, tentei um pequeno texto, só pra ver se vocês entendem bem as palavras, segundo o dicionário nordestino.

 

“Ficamos aqui em João Pessoa a migué, apois estamos numa pousada bem aparentada. A noite saímos aprumados para passear arretado e bater sete freguesias, evitando a baixa da égua e a brenha. Encontramos pessoas afeiçoadas, cada um na sua, sem apoquentar ninguém. Arrudiamos pelo centro de artesanatos, sem ficar aperreados ou apurrinhado  e sem arenga com ninguém. Antes de arribar  passamos no bar para beber com farinha e encher o bucho com comidas típicas. Bora sem pedir bigu pra ninguém.

Por isso eu digo sempre. Temos que aproveitar a vida viajando, conhecendo novas culturas antes de bater a caçuleta . Mesmo sem ir até o cafundó do judas, voltamos com um pouco de dor na cacunda. Antes de dormir, eu que não sou bocó, dei um beijo no beiço da Ade e outro no cangote

Arre égua e olha que só aprendi até a letra C, imagina o resto.

Foi difícil entender este texto sem tradução? Ôxe, mas o idioma não é o português?”

 

Como ficaria este texto no Paraná, onde moramos:

 

“Ficamos aqui em João Pessoa sem compromissos, numa bela pousada. A noite saímos bem vestidos para passear e andar por vários lugares, evitando lugares distantes e de difícil acesso. Encontramos pessoas bonitas, cada um na sua , sem chatear ninguém. Demos uma volta pelo centro de artesanatos, sem ficarmos incomodados ou com raiva e sem brigar com ninguém. Antes de irmos embora passamos no bar para beber uma cerveja e comer comidas típicas. Fomos embora sem pedir carona pra ninguém.

Por isso eu digo sempre. Temos que aproveitar a vida viajando e conhecendo novas culturas antes de morrer. Mesmo sem ir a lugares distantes, voltamos com um pouco de dor nas costas. Antes de dormir, eu que não sou bobo, dei um beijo nos lábios da Ade e outro na nuca.

Nossa Senhora! e olha que só aprendi até a letra C, imagina o resto.

Foi difícil entender este texto sem tradução?. Certo!, mas o idioma não é o português?”

 

Veja o mesmo texto com tradução em seguida:

 

“Ficamos aqui em João Pessoa a MIGUÉ (à toa), APOIS (expressão de concordância) estamos numa pousada bem APARENTADA (bonita). A noite saímos APRUMADO (pessoa bem vestida, de bons modos) para passear ARRETADO (bonito) e BATER SETE FREGUESIAS (andar por vários lugares), evitando a BAIXA DA ÉGUA (lugar distante) e BRENHA (lugar de difícil acesso). Encontramos pessoas AFEIÇOADAS (bonitas), cada um na sua , sem APOQUENTAR (azucrinar, chatear) ninguém. ARRUDIAMOS ( dar um volta) pelo centro de artesanatos, sem ficar APERREADOS (saco cheio, encomodados) ou APURRINHADO (com raiva, bravo) e sem ARENGA (briga) com ninguém. Antes de ARRIBAR (ir embora) passamos no bar para BEBER COM FARINHA (ingerir bebidas alcoólicas) e encher o BUCHO (barriga) com comidas típicas. BORA (ir embora) sem pedir BIGU  (carona) pra ninguém. 

Por isso eu digo sempre. Temos que aproveitar a vida viajando e conhecendo novas culturas antes de BATER A CACULETA (morrer). Mesmo sem ir até o CAFUNDÓS DO JUDAS (lugar distante), voltamos com um pouco de dor na CACUNDA (costas, dorso). Antes de dormir, eu que não sou BOCÓ (bobo), dei um beijo no BEIÇO (lábio) da Ade e outro no CANGOTE (nuca).

ARRE ÉGUA (interjeição que pode significar qualquer coisa) e olha que só aprendi até a letra C, imagina o resto.

Foi difícil entender este texto sem tradução?. ÔXE (ôxe é ôxe mesmo), mas o idioma não é o português?”

 

 

Seguimos viagem…

 

 

 

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