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Pela estrada a fora seguimos nossa trilha de nômades temporários, conhecendo a cultura, a arte e os sabores da região serrana do Rio Grande do Sul.
A região é muito bonita e tem muitas frutas e comidas tradicionais. Foi possível colher guabirobas sem precisar descer da Caca.
Paramos no pátio de uma Gruta em homenagem a Nossa Senhora de Lourdes e Ade fez mais um de suas deliciosas refeições. A Gruta é um ponto de oração, chegada de procissão e parada para os ciclistas se abastecerem de água da fonte.
Foi um belo almoço com salada e torteles de cabotiá, comprados de uma senhora que colocou uma placa na estrada dizendo: “Vende-se massas caseiras”. Ade pediu para parar, parei. Comprou tortele, capelete e lasanha, feitas pela própria Nona.Todos deliciosos.
Chegamos em Garibaldi, fundada em 1870 e batizada com o nome do Conde d’Eu, genro do Imperador, casado com a Princesa Isabel.
Em 1.900 a freguesia se emancipou e foi batizada com o nome de Garibaldi, em homenagem a um bravo que lutou na Guerra dos Farrapos contra o Governo Imperial do Brasil.
Passeamos pelo centro histórico e seguimos para a Rota do Espumante.
Em Bento Gonçalves não foi diferente. Visitamos a estação de trens e passeamos pelo centro da cidade. Bento Gonçalves é co-irmã de Garibaldi na rota dos vinhos e espumantes. Também foi batizada para homenagear mais um dos bravos da Revolução.
Assim que o império parou de doar terras para imigrantes italianos europeus, a Guerra dos Farrapos acabou e a paz e o progresso prosperaram.
Até pouco tempo atrás a prefeitura permitia pernoitar com motorhomes no pátio das estações de trens das cidades co-irmãs. Um pequeno grupo desorientado do espirito de campismo, promoveu algazarras uma certa noite e as autoridades proibiram a gente de dormir ao lado da Maria Fumaça.
Seguimos para uma outra opção de pernoite que já conhecíamos e agora voltamos. O local é pátio de uma das principais vinícolas da América, lá no fundo dá pra ver a pontinha da Caca estacionada para o pernoite, com água e luz, sem pagar nada.
Em 1.875 o casal Marco e Eleonora Valduga vieram do norte da Itália, receberam um lote de terra demarcada, cercaram com pedras tal qual na Itália, desbravaram e transformaram o sonho da terra prometida em realidade, hoje sinônimo de pujança.
Além da qualidade dos vinhos, os Valdugas construíram uma vinícola digna de ser comparada com as melhores do mundo. Eu e Ade somos prova, vinícolas sempre fazem parte do nosso roteiro.
No quintal Ade trocou idéias com o jardineiro, interessada na plantação, nos cuidados e nas formas de colheita dos produtos. Ela é boa nisso, a conversa foi de alto nível.
Todos foram muito atenciosos para conosco. Do porteiro ao proprietário atual, herdeiro de Marco e Eleonora.
Saímos para conhecer a cidade de Carlos Barbos, onde fica uma das lojas mais tradicionais de utensílios de casa do Brasil e voltamos pelo Caminho das Casas de Pedras, onde as lanchonetes de tradição italiana servem o café colonial no jardim, feito picnic.
Decidimos voltar para dormir mais uma noite na Casa Valduga. Na chegada, encontramos o proprietário que permitiu que a gente estacionasse em um local ainda mais fantástico, dentro da vinícola.
Acordamos no dia seguinte diante de um belo parreiral, uma gruta, dezenas de esculturas, fontes de água e uma vista maravilhosa do complexo da vinícola.
Atrás da Caca tem duas tinas para pisa da uva. Pena que naquele dia não teve o cerimonial de amassar as uvas com os pés.
Depois passamos por outras vinícolas também de famílias tradicionais de duas ou mais gerações, todas com padrão internacional das melhores vinícolas, Por enquanto somente a Casa Valduga empresta o quintal para casas rodantes na região.
A cada novo parreiral, mais uma emoção para fazer as melhores fotos. Descontando a qualidade da foto, destaco a exuberância dos locais e a disposição da minha modelo predileta.
Seguindo pelos caminhos na rota dos vinhos, fomos parar em um centro de eventos extremamente bem cuidado, que também aceita motorhome para pernoite. Sorte a nossa. O lugar é lindo.