Nos caminhos de Goiás para o Tocantins paramos para comprar e comer abacaxis deliciosos, plantados na região. Paramos depois par abastecer a Caca e almoçamos.
Por nossa sorte, bem na hora de dormir, paramos na área de descanso da concessionária do pedágio. Nota 10. Tem demarcação para os caminhões, segurança na portaria e um motociclista para organizar o pátio. Tem banheiros limpos com duchas quentes e uma sala com TV, ar condicionado e água mineral. Tem até uma lavanderia. Isso sim é tratar bem o caminhoneiro, motorromeiros também. Tudo grátis.
Para jantar o vigia indicou o único local por perto, feio mas parecia limpinho. A única opção do cardápio era a “jantinha”, com arroz, feijão, farofa e espetinho de carne. Pegamos nossa marmita de isopor e fomos comer em casa. Ficamos satisfeitos, comida barata e saborosa.
No dia seguinte acordamos com o barulho dos caminhões e seguimos agora pelas estradas do Tocantins, não tão boas como as de Goiás. O almoço foi num restaurante bonito, no posto bonito na beira da estrada. O cardápio era self service, com variedades, mas sem sabor e cara.
Comparando com a jantinha, Ade bem lembrou do dito popular: Quem vê cara não vê coração.
Chegamos em Palmas, capital do Tocantins, quase sem opção para o pernoite do campista. Depois de muita procura, encontramos um camping na Praia do Prata, único na cidade, com estrutura precária e sem segurança. Iríamos dormir sozinhos até que, ao anoitecer, apareceu outro motorhome. Ficamos mais tranquilos e fizemos novas amizades.
O calor por aqui é de respeito. Em pleno mês de agosto, os termômetros marcavam 39 graus. A água do lago é quente e a da caixa de água limpa do motorhome parecia fervida. Tivemos que misturar com a da torneira para tomar banho.
Por aqui é quase sempre muito quente e pouco vento, tem que engolir seco.
Palmas é uma cidade jovem, planejada, bem no umbigo do Brasil, nosso centro geográfico. Palmas é também conhecida como a Porta do Jalapão. Muitos turistas partem daqui rumo aos encantos das areia vermelhas, terra do capim dourado, que na Europa chamam de Ouro Vegetal.
A região tem 54 km de praias nas águas do Rio Tocantins. Por conta de uma usina, formou-se um belo lago na lateral oeste da cidade, onde moradores e turistas se reunem para ver o belo pôr do sol, maravilhoso quase todos os dias do ano.
Uma garota se dispôs a tirar fotos da gente. Ela estava bebendo e ficamos receosos de dar o telefone na mão dela, dentro da água. Pela insistência Ade deixou ela fazer algumas fotos. Ela parecia profissional da fotografia, cheia de orientar os modelos.
Só conseguimos dormir graças ao ar condicionado, que ficou ligado a 25 graus. Sem ele seria quase impossível dormir com tanto calor.
Paramos no mercado municipal para comprar verduras e depois no mercado para abastecer nossa casa. Cidades grandes em grandes supermercado costuma ter mais opções e preços mais atrativos.
Enquanto esperava Ade fazer compras, fiquei do lado de fora e aproveitei para comer caju maduros plantados na calçada. Na verdade só consegui colher por que um homem que passava parou o carro, desceu com uma cara e apanhou alguns. Eu comi dois dele. Ele carrega a vara só para colher cajús nas várias árvores plantadas nas calçadas pela cidade.
Seguimos pela rodovia BR 010 rumo a Carolina. Por culpa do GPS pegamos o caminho mais curto que não era o melhor. Desviando de buracos grandes no asfalto fomos parar numa pequena cidade, às margens do Rio Tocantins. Pequena, pequena mesmo.
Como já estava anoitecendo tentamos encontrar o lugar seguro para dormir. Tentamos no hotel, mas não tinha ninguém. Na câmara dos vereadores não tinha energia. Na praça não achamos muito legal. Foi então que Ade começou uma conversa com um casal de moradores e eles foram todo solícitos deixando a gente dormir no quintal deles. De relance, sem parecer intruso ou curioso, olhei dentro da casa deles e notei que tinham algumas urnas funerárias. Fiquei calado pois sei que Ade tem trauma de tudo que se refere a defunto.
Ele disse que veio do Paraná para trabalhar aqui como agente funerário, mas reclamou que ninguém morre na região. Fiquei pensando, além do pânico que Ade teria quando descobrisse os caixões, ainda pensei que ele queria muito que a gente ficasse e, quem sabe, não seria mais um profissional atraindo clientes, viche. Fomos embora.
Paramos no posto e descobrimos que a estrada que teríamos que seguir era ainda pior do que a que viemos. Resolvemos dormir no posto mesmo sem vigilante e partimos no dia seguinte. Novamente o GPS nos guiou pelo caminho mais curto. A leitura dele deve ter sido do tempo em que ainda havia asfalto. Agora não tem mais. São trechos de asfalto raspado até a terra e trechos de asfalto cheio de buracos.
Em baixa velocidade sempre desviando dos buracos, conseguimos chegar em Filadelfia, ao lado de Carolina, na divisa com o Maranhão.
Parei numa padaria e, como sempre gosto de testar os sabores, pedi uma coxinha e um café. Bom, o café não consegui tomar, era de péssima qualidade. Mordi a coxinha e não gostei da massa e quando provei o recheio, percebi que era impossível de comer. Pensa numa coisa ruim. Joguei tudo fora, mas era uma padaria.
Entramos na balsa e atravessamos o Rio Tocantins e desembarcamos em Carolina, agora no Maranhão.
Após o longo trajeto, agora podemos descansar um pouco antes de visitar as maravilhas da Chapada das Mesas.